O tempo tem finitude e a solitude. E ainda assim dá para ser feliz?
O tempo pode nos levar para palavras como finitude e solitude. Chegar no fim e sozinhos. E aí? Quer ainda ser feliz? (Agora #68)
A finitude de todo final de ano, o esperançar de todo início de ano. No pior dos casos as pessoas tem um momento do ano onde elas tem uma contagem regressiva pro novo. Para um recomeço, mesmo eu que hoje acordei, recolhi o lixo, levei para a lixeira, varri a frente da casa e tomei meus remédios. Igual ontem.
Não que todos dias sejam assim… é que existe algo de rotina dentro desse mundo produtivo onde todo mundo quer bater meta. O bom é que eu não sou todo mundo, aprendi essa cedo.
A relação de tempo com qualquer campo da vida pode nos levar a reflexões. Nos esportes, o final do jogo seria diferente com mais tempo… ou se não tivesse existido tanto tempo, como pode acontecer no futebol.
No campo dos afetos, os tempos que conhecemos e nos reconhecemos podem levar a permissões ou silêncios. O que importa no fim do dia é que cada um é cada um.
E o ser feliz pode ser fabricado? Ouvindo Mo Gawdat em “Solve for Happy”, ele comenta coisas que eu aprendi nos cursos de Programação Neurolinguística… em resumo: a gente pode criar estados. Exemplo, se eu estou triste por um assunto X, não faz sentido eu deixar de estar triste por aquele assunto, do nada. Não acho que chegamos em um pouco de isolar o que sentimos e deixar de lado… onde estaria a nossa humanidade? Agora, certamente existe algo que a gente possa fazer para nos deixar felizes por um momento que seja. Trocar o disco por um tempo? Pode ser uma música, uma caminhada, chamar alguém para um café, para sentar e conversar um pouco… algo que faça parte do seu sistema, que ajude neste sentido.
As pessoas correndo por sua produtividade vão dizer que não faz sentido… não temos tempo a perder. Lá vem a discussão de qual tempo vale a pena novamente. Tempo sem fazer nada serve para nada. Tempo sem sentido. Tempo sem poder ficar só, pensando em nada, até sair algo (exemplo esse texto). Dia desses vi uma criança que decorou as falas do Rocky Balboa dando lição de moral pro filho, no discurso famoso do “keep moving forward”. Qual era o objetivo da criança nisso? Ou uma ação de parentalidade ensinando uma criança que ela precisa ser resiliente tipo Rocky Balboa?
You, me, or nobody is gonna hit as hard as life. But it ain't about how hard you hit. It's about how hard you can get hit and keep moving forward; how much you can take and keep moving forward. That's how winning is done! — Rocky Balboa
Lindo? Sei não. Assim vamos criando pessoas emocionalmente petrificadas, que depois ficam nas sessões de terapia tentando descobrir o que sentem. Ou pior, não fazem terapia e dizem por aí que as outras pessoas que precisam de terapia… elas são “tudo certo”.
Ao longo do tempo a gente vai descobrindo que a resiliência que importa é a da Brené Brown, da que somos capazes de entender nossos limites e reconhecer nossas necessidades.
Já pensou em sentir?
Já pensou em descrever o que sente?
Já pensou em sentir que podemos nos cansar?
Já pensou em sentir que não temos o que precisamos?
Já pensou que talvez você seja suficiente e não precisa de nada mais?
Já pensou que talvez o silêncio e a oportunidade de ficar um pouco só seja o que falta?
Falando em tempo e finitude e solitude, as palavras vão me pedindo para dizer adeus, por agora só. O dia tá ficando cada vez mais colorido, e eu ainda quero trocar ideia com a minha bola laranja, só eu e ela. E quando sozinho assim estou, feliz estou.
O tempo termina, a hora termina, mas uma nova hora começa.
— Daniel Wildt
/// Top 4 (não tem 5):
Vale conferir a partir daqui: já que o papo foi finitude e solitude… eu vou indicar um texto sobre existência (e um pouco de finitude?) do desfilosofia e também um papo meu sobre solitude.
Música que chamou esse texto:
A história da vida de cada um (Autoramas). Gabriel Thomaz é um artista que ouvia muito tempos atrás e em 2023 assisti uma apresentação dele em Porto Alegre… e aí voltou Little Quail e Autoramas e tudo mais que ele produz.Curso que eu gostaria que você se ligasse: eu relancei o Viva Seu Tempo de 2014, um “clássico Daniel Wildt” falando sobre tempo e gestão de tempo. Ele até acreditava em ter um propósito (risos). O curso tá disponível e eu fiz um combo dele com o 5 Dicas e Viva Seu Tempo.
Post aleatório que eu estava assistindo ou lendo aqui: Jack Conte é CEO do Patreon, mas eu gosto do Jack Conte do Pomplamoose e do Scary Pockets. E eu gosto do Jack Conte que edita vídeos com uma arte que eu acho demais. Ele fez um vídeo sobre “conteúdo” e o fazer arte, já antigo, mas eu caí nele novamente.